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30º Aniversário da Chiesa Taoista d'Italia

 Caros Amigos,

A ADP Associação Daoista de Portugal está em Caserta, Itália, representada pelos Mestres José Barreno e Mariana Branco, por ocasião do 30° Aniversário da Chiesa Taoista d’Italia.
Parabéns
à Chiesa Taoista d’Italia pelo trabalho em prol da divulgação do Taoismo na Europa!


Na Faculdade Teológica Pontificial São Tomás de Aquino, em Nápoles, teve lugar esta manhã o Encontro Interreligioso com o tema: "Comunicar com o Coração - o Diálogo Interreligioso como Instrumento de Paz e Fraternidade no Mundo".
Aqui, encontraram-se Católicos e Taoistas num encontro verdadeiramente fraterno.
Partilhamos o discurso do Mestre José Barreno por esta ocasião:
Estimados Mestres e Professores,
Irmãos e Amigos,
Senhoras e Senhores,
Que as Bênçãos celestiais estejam com todos.
O Coração está ligado à língua.
A língua articula palavras.
As palavras são a expressão do pensamento, logo, do coração.
Esta é a terceira vez que a ADP Associação Daoista de Portugal está representada em celebrações organizadas pela Chiesa Taoista d’Italia. Por outro lado, também o Mestre Li Xuanzong nos visitou há uns anos, por ocasião do “Encontro Internacional de países com Templo Taoista”, organizado pela ADP.
Aqui estamos, nesta bela cidade de Nápoles, a celebrar os 30 anos de percurso dos nossos irmãos da Chiesa Daoista de Itália.
Aqui, entre religiões e nacionalidades, encontram-se os corações de todos nós. Sabemos no Taoismo que os ensinamentos são transmitidos entre 4 orelhas mas, sobretudo, de coração para coração. Significa isto que é na ressonância produzida pela comunhão dos corações que a palavra verdadeira é dita, o verdadeiro ensinamento é transmitido, a realização acontece.
Então como chegar ao coração do outro? Como alcançar essa ressonância de iluminação e como a transmitir?
Talvez derrubando as barreiras institucionais e falando directamente de pessoa a pessoa, buscando uma relação directa que permita, através do coração, expressar as verdades fundamentais comuns às pessoas de bem que buscam e estudam o Mistério.
Derrubando as barreiras, eliminando a astúcia mental, produzindo clareza e suavidade que permitam um entendimento esclarecido sobre as várias realidades que compõem o modo como nos posicionamos perante o Divino e o Sagrado.
Na quietude em que o EU deixa de interferir é produzida a ressonância que permite superar a dualidade.
Superar a dualidade, significa não necessitar de escolher.
Não escolhendo, a probabilidade de erro pela (re)acção diminui.
Assim, não escolher leva ao não agir e este à quietude e à Paz.
Deste estado de vazio absoluto ou não existência, de não movimento ou não ação, impossível de descrição, de visualização e de sensação, que, nas palavras de LaoZi, é também impossível de ser nomeado, surge, por negação, a verdade (真zhen).
Por isso, o sábio não julga, antes "vê na obscuridade e entende no silêncio", evitando classificar e dividir, mas antes preferindo clarear a mente e tranquilizar o coração, por forma a manter esse estado de quietude e pacificação interna,"[...] como aqueles que obtêm a paz suprema no coração [...] pois o grande homem é tranquilo e isento de pensamento, silencioso e pacificado" (LIUAN, HuaiNanZi).
Só assim pode a paz brotar.
Esclarecida e límpida, eivada de verdade e confiança, renovada em cada momento de quietude cultivada no mais íntimo do ser, como "aquele que é puro e tranquilo e desse modo o modelo do universo" (LAOTZU, cap 45), assim produzindo a ressonância verdadeira que sustenta toda a criação.
Deste modo, a paz que qualquer um pode e deve, no silêncio, em si construir, será a mesma que amanhã reconhecerá nos locais que frequenta, pois "se ele o cultiva no seu reino, a virtude florescerá" (LAOTZU, cap 54), contribuindo desse modo para uma sociedade mais justa, esclarecida e pacifica.
Justa porque integrante e igualitária, gerando o equilíbrio que permite o florescimento de forma livre, dinâmica e criativa.
Esclarecida porque clara e transparente e assim acessível.
Pacifica porque baseada na quietude e não ação.
Esta Paz, sendo silenciosa, é o centro da unidade e o veículo para o diálogo.
Há dez anos, conheci o Mestre Li Zhiwang em Xi’an, na China, por ocasião da Celebração do 900° Aniversário do Patriarca Wang Chong Yang. No final de um discurso, partilhei uma frase que gostaria de partilhar novamente aqui:
Um só coração, Uma só alma, Um só mundo.
Muito obrigado
Cibei







Da esquerda para a direita:
Don Vincenzo Lionetti, Departamento de Ecumenismo e Diálogo Interreligioso da Diocese de Nápoles
Prof. Eduardo Scognamiglio, Director do Instituto de Cristologia da Faculdade Teológica Pontificial da Itália Meridional São Tomás de Aquino
Reitor da Faculdade Teológica Pontificial da Itália Meridional São Tomás de Aquino
Mestre José Barreno, Daozhang do Templo LaoZi
Prof. Antonio Ascione, Professor Catedrático da Faculdade Teológica Pontificial São Tomás de Aquino



Com o Mestre Li Zhiwang, Presidente da Taoist Mission Singapore e Daozhang do Templo Yu Huang Gong, amigo de longa data, sempre pronto a ajudar. Um coração do tamanho do mundo.


Com o Prof. Eduardo Scognamiglio, Director do Instituto de Cristologia da Faculdade Teológica Pontificial da Itália Meridional São Tomás de Aquino


Com Mestre Cui Liming, Professor de Taoismo na Academia Chinesa de Taoismo em BaiYun Guan, Pequim, onde estudei, e meu antigo e saudoso professor de Clássicos taoistas.

José Barreno e Mariana Branco




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